Penso ás vezes que nunca sahirei


Penso ás vezes que nunca sahirei da Rua dos Douradores. E isto escripto então parece-me a eternidade.

Não o prazer, não a gloria, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade.

Passar dos phantasmas da fé para os espectros da razão é sòmente ser mudado de cella. A arte, se nos liberta dos manipansos assentes e abstractos, tambem nos liberta das ideas generosas e das preocupações sociaes — manipansos tambem.

Encontrar a personalidade na perda d'ella — a mesma fé abona esse sentido de destino.


Título: Penso ás vezes que nunca sahirei
Heterónimo: Não atribuído
Número: 301
Página: 292
Data: 1930 (low)
Nota: [2-67r e 68r];