E para ti, ó Morte


E para ti, ó Morte, vá a nossa alma e a nossa crença, a nossa esperança e a nossa saudação!

Senhora das Ultimas Cousas, Nome Carnal do Mysterio e do Abysmo — alenta e consola quem te busca, sem te ousar procurar!

Senhora da Consolação ☐

Virgem-Mãe do Mundo absurdo, forma do Chaos incomprehendido, alastra e estende o teu reino sobre todas as cousas — sobre as flores que pressentem que murcham, sobre as feras que tropeçam de velhas, sobre as almas que nasceram penando entre o erro e a illusão da vida!

Lago ao luar sereno entre rochedos, longe da lama e da polluição da Vida!

A vida, espiral do Nada, infinitamente anciosa por o que não pode haver.


Título: E para ti, ó Morte
Heterónimo: Não atribuído
Número: 131
Página: 137 - 138
Data: 1916 (low)
Nota: [4-64r];