MARCHA FÚNEBRE PARA O REI LUÍS SEGUNDO DA BAVIERA | Uma brisa de atenção percorre as alas


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Uma brisa de atenção percorre as alas.

Ei-lo que vai chegar, com a morte que ninguém vê e a (...) que não chega nunca.

Arautos, correi! Atendei!... e baixade a ponte levadiça, para que entre, quando chegue para entrar.

Tocai arautos, do alto das ameias, saudando a impossível madrugada!

O Rei da Morte regressa ao seu domínio!

Luz no acaso o teu advento a estas regiões onde a Morte reina.

Coroaram-te com flores misteriosas, de cores ignoradas, flores de abismo, rosas negras, cravos de cor branca do luar, papoilas de um vermelho que tem luz, grinalda absurda que te cabe como a um deus deposto.

Teu amor pelas coisas sonhadas era o teu desprezo pelas coisas vividas.

... teu /purpúreo culto/ do sonho, fausto da antecâmara da Morte.

                Rei-Virgem que desprezaste o amor,
                Rei-Sombra que desdenhaste a luz,
                Rei-Sonho que não quiseste a vida!

Entre o estrépito surdo de címbalos e atabales, a Sombra te aclama Imperador!


Título: MARCHA FÚNEBRE PARA O REI LUÍS SEGUNDO DA BAVIERA | Uma brisa de atenção percorre as alas
Heterónimo: Vicente Guedes
Número: 164
Página: 161 - 162
Nota: [4-63, ms.];