Trazei vós o pallio


Trazei vós o pallio de ouro e
morte, cavalleiros da decifração
inutil. A sangue e rosas lembrae
o sonho inutil que se estiolou nos
jarros, antes da mão branca que
os soltasse. Pizae leve no
assento das sêdas, a sala queda, no
antebaile do tedio, na hora
mortiça dos candelabros claros,
no xarão das pedrarias fechadas
á chave e aborrecimento.

Quem vós ereis, senhor, ficou entre
as sereias, no esquecimento lunar
dos mares mortos. Ouviu as can-
ções da doença das aguas, que não
chegam á lua senão por desejo, e
desfolhou, uma a uma, as rosas no
jardim do palacio do conseguimento
interrompido. O som de violões


de haver melhores cousas affastou a
attenção dos seus ouvidos das palavras
imperiaes entre rumores. A vossa
mão deixou a mão do que
interrompe, porque foi preciso irmos
mais a perto da lonjura
trazida por suspiros. O lago entre
arvores era como um sonho de
agua no meio de arvoredos de ilhas, e
o vozeio era como um

Hora de luar parado ao aconte-
cimento nuvem, o céu incerto e
a passagem de pagens


Identificação: bn-acpc-e-e3-138-1-100_0121_61_t24-C-R0150 | bn-acpc-e-e3-138-1-100_0122_61v_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.5cm X 13.9cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Data: 1918 (low)
Nota: , Texto escrito em recto e verso de meia folha de papel timbrado ("F.A. PESSOA|R. DO OURO, 87, 2.º"), com marca de água "British Bankpost".
Fac-símiles: BNP/E3, 138-61.1 , BNP/E3, 138-61.2