ANEXO | 200


nesse mar de sargaço de palha de emballagem (de palha de garrafas) e aparas de cortiça.

alli se resume todo, como no chão do saguão do predio do escriptorio, que, visto atravez das grades da janella do armazem, parece uma cella para prender lixo.

Comparados [sic] com os homens simples e authenticos, que passam pelas ruas da vida, com um destino natural e calhado, essas figuras dos cafés assumem um aspecto que não sei definir senão comparando-as a certos duendes de sonhos — figuras que não são de pesadello nem de magua, mas cuja recordação, quando accordamos, nos deixa, sem que saibamos porque, um sabor a um nojo passado, um desgosto de qualquer coisa que está com elles mas que se não pode definir como sendo d'elles.

Vejo os vultos dos genios e dos vencedores reaes, mesmo pequenos, singrar na noite das coisas, sem saber o que cortam as suas proas altivas, nesse mar de sargaço etc.

      rasgando, com proas desdenhosas, sem difficuldade nem sequer conhecimento, esse mar de sargaço de palha de emaballagens e aparas de cortiça.


Título: ANEXO | 200
Heterónimo: Não atribuído
Número: 617
Página: 770 - 771
Data: 1929 (low)
Nota: [1-23r, ms.];