um desespero calmo e luminoso


um desespero calmo e luminoso,
uma indifferença vivaz.

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Em Byzancio vivamos byzan-
tinos.

Façamos arte pela arte, noutro
sentido que o antigo velho, não
esperando que nos leiam,
sabendo, até, que nos não le-
rão. Assim poderemos tra-
balhar calmos e cuidadosos,
pois o que escrevemos se
não destina a hoje ou a ama-
nhã, mas tem o instincto
de perfeição do que não é
destinado a ninguem, na
divina calma de não ter
um fim. Talvez outras gera-
ções nos leiam, e talvez nos
não leiam também, e, de
qualquer modo, não importa.


Identificação: bn-acpc-e-e3-27-22-v-5-1-3_0001_1-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.4cm X 27.8cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pencil) : Testemunho manuscrito a lápis.
Nota: , Texto escrito na página direita de uma folha dobrada em bifólio. Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego".
Fac-símiles: BNP/E3, 27(22)-V(5)-1a.1