Se eu vir aquela árvore


Se eu vir aquela árvore como toda a gente a vê, não tenho nada a dizer sobre aquela árvore. Não vi aquela árvore.

É quando a árvore desencadeia em mim uma série conexa de emoções que a vejo diferente e justa. E na proporção em que essas ideias e emoções forem aceitáveis a toda a gente, e não só individuais, a árvore será A Árvore.

Depois de um quarto de hora de artistas, é uma libertação trocar o privilégio das boas-tardes com um carroceiro humano.


Título: Se eu vir aquela árvore
Heterónimo: Bernardo Soares
Número: 508
Página: 407
Nota: [138-89, dact.];
Nota: Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego". Texto retirado do corpus na edição de 2013.