OMAR


            OMAR.

Porque obscura magia é que esse persa longinquo manda
tam diversamente sobre as nossas almas? Que potencia
de encantamento jaz viva na sepultura do seu tedio? Ah,
é que, real ou facticiamente, nelle ou em Fitzgerald por
elle, fallou, melhor que em qualquer outro, a voz com-
pleta do tedio inteiro — não do tedio que está cansado
de viver, mas do tedio que está cansado de ser. Can-
sado, de ser, não como o Buddha, que renega a vida porque
é pouco, mas de outro modo — o de quem renega a vida por-
que é tudo.


Identificação: bn-acpc-e-e3-14c-1-95_0089_42-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.6cm X 18.0cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Datiloscrito (violet-ink) : Testemunho datiloscrito a tinta roxa.
Nota: , Texto escrito no recto de uma folha inteira (com barras azuis nas margens superior e inferior). Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego".
Fac-símiles: BNP/E3, 14C-42r.1