Ouvia-me ler os meus versos



Ouvia-me ler os meus versos — que nessa ocasião li bem porque me distraí — e disse-me com a simplicidade de uma lei natural: "Você, assim, e com outra cara, seria um grande fascinador..."

A palavra "cara", mais que a referência que continha, ergueu-me de mim pela gola do desconhecermo-nos. Vi no espelho do meu quarto o meu pobre rosto de mendigo sem pobreza; e de repente o espelho afastou-se e o espectro da Rua dos Douradores abriu-se diante de mim como um nirvana do carteiro.