Edição do Arquivo LdoD - Usa (BNP/E3, 15(3)-86)

A liberdade! E a primeira condição


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A liberdade! E a primeira condição
da liberdade é libertarmo-nos de nós-
mesmos, ser pequenos e abstractos,
reconhecermos, apesar do que se vê, que as
estrellas são maiores que nós, que as
formigas também são gente lá em casa
d'ellas, e que... Pauso no que penso
e reparo na gente que se apinha onde o
antigo teatro espalha luz na rua larga.

E tudo isto vae ao animatographo debaixo
do silencio das estrellas.


Tornar solemne o que possa haver de mais reles
ou trivial na vida, e tragico ou triste o que ou é
alegre ou não importa.
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Tomar todas as coisas banaes, desde que nos aconteçam a nós,
por importantes; e todas as coisas que nos commovem,
por isso por nos commoverem, como tragicas. Isto é,
tornarmo-nos o centro fervente do universo.
Na pompa tragica d'esta
phrase comica baba-se
o romantismo inteiro.
Ver claro, ver justo,
os papelotes do tragico entrevisto
atravez das cortinas das janellas
por abrir na manhã burgueza.

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Se alguma vez me dissessem para uma só coisa pedir ao
Destino, esta só lhe pediria — que me conservasse
humilde com o sentimento
de mim, e orgulhoso com a razão
com que entendesse justo esse
sentimento.

Quiz Chateaubriand dizer, em certo passo de suas memorias,
que uma Madre de S. Bento fora sem ser pura santa.
Como diz? Dizendo que o foi? Dizendo-o? Não. Di-lo Fabrica-o asssim.

A inimportancia do sexual.