No reconcavo da praia á beira-mar



                                                                                                                                                                22/3/29.

No reconcavo da praia á beira-mar, entre as selvas e as varzeas da margem, subia da incerteza do abysmo nullo a inconstancia do desejo acceso. Não haveria que escolher entre os trigos e os muitos, e a distancia continuava entre cyprestes.

O prestigio das palavras isoladas, ou reunidas segundo um accordo de som, com ressonancias intimas e sentidos divergentes no mesmo tempo em que convergem, a pompa das phrases postas entre os sentidos das outras, malignidade dos vestigios, esperança dos bosques, e nada mais que a tranquillidade dos tanques entre as quintas da infancia dos meus subterfugios... Assim, entre os muros altos da audacia absurda, nos renques das arvores e nos sobressaltos do que se estiola, outro que não eu ouviria dos labios tristes a confissão negada a melhores insistencias. Nunca, entre o tinir das lanças no pateo por vêr, nem que os cavalleiros viessem de volta da estrada vista desde o alto do muro, haveria mais socego no Solar dos Ultimos, nem se lembraria outro nome, do lado de cá da estrada, senão o que encantava de noite, com o das mouras, a creança que morreu depois, da vida e da maravilha.

Leves, entre os sulcos que havia na herva, porque os passos abriam nadas entre o verdor agitado, as passagens dos ultimos perdidos soavam arrastadamente, como reminiscencias do vindouro. Eram velhos os que haveriam de vir, e só novos os que não viriam nunca. Os tambores rolaram á beira da estrada e os clarins pendiam nullos nas mãos lassas, que os deixariam se ainda tivessem força para deixar qualquer coisa.

Mas, de novo, na consequencia do prestigio, soavam altos os alaridos findos, e os cães tergiversavam nas aleas vistas. Tudo era absurdo, como um lucto, e as princezas dos sonhos dos outros passeavam sem claustros indefinidamente.