Nos mais (...) /momentos/ do meu tédio



Nos mais (...) /momentos/ do meu tédio, quando mais completamente me cinge a a angústia do momento actual assalta-me o desejo violento de me desejar em outras vidas, vivendo outras almas, outras sensações.

Ora me sonhava dormir (...) num leito de província, em Janeiro, sentindo cair lá fora a chuva, muita chuva, enquanto eu me sentia bem, conservado num gasalho idiota de alma e corpo (...)

E mesmo nesses sonhos, como depois de os sonhar me acompanha uma saudade deles, uma saudade ácida, acre, árida e dolorosa a um ponto que não se imagina. Dói-me a alma para além do tédio doloroso durante e no regresso dessa viagem de sonho, em toda a parte o destino da sensação sempre intelectualizada, da consciência de tudo que (...)

Sinto como se tivesse atravessado o mistério da vida na sua íntima essência e permaneço no mesmo tédio, mais gélido, mais profunda e gelidamente cansado.