Prefácio Geral a FICÇÕES DO INTERLÚDIO | A nossa ansia de verdade



A nossa ânsia de verdade é grande e, por certo, o que quiséramos fora, não esta doutrina do limiar, senão a casa e o lar que há nela.

Daí a arte, feita para entretenimento dos outros e nossa ocupação dos que somos ocupáveis desse modo.

Porém a verdade é que a não sabemos, nem sabemos como sabê-la. Tal como o que nos não é nada é ela; é esta, que dissemos, a única regra de vida, parece-nos, que o nosso desconhecimento pode talhar com conhecimento.

Negada a verdade não temos com que entreter-nos senão [com] a mentira.

Com ela nos entretenhamos, dando-a porém como tal, que não como verdade; se como hipótese metafísica somos assim, façamos com ela não a mentira de um sistema (embora possa ser verdade), mas a verdade de um poema ou de uma novela, verdade que sabemos que é mentira e assim não mentir e assim construí para mim uma regra de vida.

Procurei a verdade ardentemente, ora com uma atenção (...)