Em baixo, afastando-se do alto


Em baixo, afastando-se do alto onde estou em desnivelamentos de sombra, dorme ao luar, álgida, a cidade inteira.

(Um desespero de mim, uma angústia de existir preso a mim extravasa-se por mim todo sem me exceder, confunde-me o ser em ternura, medo, dor e desolação.)

Um tão inexplicável excesso de mágoa absurda, uma dor tão desolada, tão órfã, tão /metafisicamente/ minha, (...)


Título: Em baixo, afastando-se do alto
Heterónimo: Bernardo Soares
Número: 730
Página: 587
Nota: [2-31, ms.];