L. do D.
Final
E se acaso fallo com alguem longinquo,
e se,
hoje nuvem de possivel,
amanhã caires,
chuva
de real sobre a terra, não te esqueças nunca
da tua divindade original de sonho meu. Sê
sempre na vida aquillo que possa
ser o sonho de um isolado e nunca
o abrigo de um amoroso. ∧Faze o teu
dever de mera taça. Cumpre o teu mistér
de amphora inutil ∧superflua. Ninguem diga de
ti o que (a alma d)o rio pode dizer das margens,
que existem para o limitar. Antes não
∧Que o teu genio seja o ser superflua, e a
tua vida a arte de olhares para ella,
de seres
a olhada, a nunca identica.
Não sejas
nunca mais nada.
Hoje és apenas o perfil creado d'este
livro, uma hora carnalizada e separada das
outras horas. Se eu tivesse a certeza de que o
eras, ergueria uma religião sobre o sonho de amar-te.
És o que falta a tudo. És o que ∧a cada
cousa falta para a podermos amar sempre. Chave
perdida das portas do Templo, caminho encoberto encoberto
do Palacio,
Ilha longinqua que a bruma nunca deixa vêr...