Semanas


Semanas.
      I. Regra de vida.

... (Porém) a verdade é que a não
sabemos, nem [sabemos] como sabel-a. Tal
que nos não é nada é ella; e esta, que dissemos, a unica
regra de vida, parece-nos, que o
nosso desconhecimento pode talhar
com conhecimento.

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A nossa ansia de verdade é
grande, e porcerto o que quizeramos
fôra, não esta doctrina do Limiar,
senão a casa e o lar que ha nelle. De ahi a arte, feita para entre-
timento dos outros e nossa occupação,
dos que somos occupaveis d'esse modo.
Negada a verdade, não temos com
que entreter-nos senão a mentira.
Com ella nos entretenhamos,
dando-a porém como tal, que não
como verdade; Se um a hypothese metaphysica nos
occorre, façamos com ella, não a


mentira de um systema (onde possa
ser verdade) mas a verdade de
um poema ou de uma novella
verdade em saber que é men-
tira, e assim não mentir.



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ou em prefacio ás Ficções do
Interludio.

e assim construi para mim esta uma
regra de vida.
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Procurei a verdade ardentemente,
ora com uma attenção


Identificação: bn-acpc-e-e3-28-1-101_0045_22_t24-C-R0150 | bn-acpc-e-e3-28-1-101_0046_22v_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.6cm X 16.3cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Data: 1918 (low)
Nota: , Texto escrito em recto e verso de meia folha de papel.
Fac-símiles: BNP/E3, 28-22.1 , BNP/E3, 28-22.2