Nem ha maior cansaço
que o da anticipação
desilludida — aquella
ironia da alma comsigo
mesma em que, por vida,
não pode deixar de
esperar, e, por conhe-
cimento da vida,
não pode deixar
de descrer da esperança.
Como é a mesma alma
que espera e não
aguarda, os dois
sentimentos, ainda
que por
natureza se opponham, junctam-se por
localidade; mas, como se não
pode crer e descrer ao
mesmo tempo, e a Descrença é, por
sua natureza, posterior á crença, e
o sentimento posterior ∧supera o
anterior, porisso mesmo que é
mais recente que elle, o
tom com que a alma falla
da conjunção d'esses dois sentimentos
é o tom da descrença.
Assim a propria esperança, querendo
esperar d'este modo, tem