Reagir é agir contra. Agir contra é agir contra quem age. Quem age é quem prepondera, porque não se prepondera sem se agir.
O que hoje prepondera em todo o mundo é o ódio à Inteligência. As forças civilizacionais, cujo resultado político mais explícito é a democracia, não têm outro distintivo.
O sentimento une os homens; a inteligência separa-os. Todo o sistema político real que não se baseie na separação dos homens, mas na sua união, baseia-se, por isso mesmo, no sentimento, isto é, naquela parte do espírito humano que está dominada pela Inteligência, ou deve estar num (...), adormecida.
Em todas as sociedades, o predomínio da inteligência sobre o sentimento é o sinal da Força, o do sentimento sobre a inteligência, o da fraqueza. Em qualquer animal isto se dá; ser não-animal é ter a inteligência subordinada ao sentimento. Ser homem é o contrário. Por isso a religião define o homem como animal racional.
A definição é imperfeita, se pretende ser absoluta; justa, se conhece que é relativa.
São três as maneiras por que o sentimento ataca a inteligência: unir sem separar, aceitar sem compreender, (...)
Contra a Inteligência se agrupam quase todas as forças de hoje. Aqueles revolucionários russos (...) são o símbolo da humanidade de hoje, um estado a que Spencer chamou a rebarbarização.
De um lado a intrusão mística: de outro a invasão humanitária. Entre estes, sempre tiranizadas, a Arte e a Ciência.
O misticismo do instinto
o apelo à violência e à tirania
O misticismo do hábito
o tradicionalismo anti-intelectualista
O misticismo do sentimento
Contra estas três fórmulas do Mal e do Erro ergamos a voz inútil. Sabemos que é inútil. Já que não podemos ter o prazer intelectual de convencer, tenhamos o prazer estético de poder ter convencido.