Quanto mais aprofundamos, com a vida


Quanto mais aprofundamos, com a vida, a propria sensibilidade, mais ironicamente nos conhecemos. Aos 20 anos eu cria no meu destino funesto; hoje conheço o meu destino banal. Aos 20 anos aspirava aos Principados do Oriente; hoje contentar-me-hia, sem pormenores nem perguntas, com um fim de vida tranquilo aqui nos suburbios, dono de uma tabacaria vagarosa.

O peor que ha para a sensibilidade é pensarmos n'ella e não com ella. Emquanto me desconheci ridiculo, pude ter ambas em grande escala. Hoje que sou quem sou, só me restam os valores que delibero ter.


Identificação: TSC-2008 p. 441
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito : Fac-símile ainda não disponível.
Nota: , Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego".
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