Pensaste já, ó /Outra/
Pensaste já, ó /Outra,/ quão invisiveis somos uns para os outros? Meditaste já em quanto nos desconhecemos? Vemo-nos e não nos vemos. Ouvimo-nos e cada um escuta apenas uma voz que está dentro de si.
As palavras dos outros são erros do nosso ouvir, naufragios do nosso entender. Com que confiança cremos no /nosso/ sentido das palavras dos outros. Sabem-nos a morte, volupias que outros poem em palavras. Lemos volúpia e vida no que outros deixam cahir dos labios sem intenção de dar sentido profundo.
A voz dos regatos que interpretamos [...] explicadora, a voz das arvores onde pômos sentido no seu murmurio — ah, meu amôr ignoto, quanto tudo isso é nós e phantasias tudo de cinza que se escôa pelas grades da nossa cella!