Entre a vida teórica e a vida prática
Entre a vida teórica e a vida prática há um abismo, sobre o qual alguns, mais individuais, não sociais, são ponte.
Manda quem quer, servo de pensamentos dispersos, anónimos, que por tais não são pensamentos.
Deixemos a acção àqueles que pensam pela cabeça alheia, pois que existem só para agir. Recolhamo-nos ao jogo alado, fútil até, das teorias, desiludidos de qualquer possibilidade de podermos agir sobre os outros, de sermos mais na vida que forasteiros.
Desdenhadores de todos os ideais, sobretudo dos que buscam a felicidade na terra para os outros — pois a felicidade não pode ser ideal senão para nós —, viveremos separados, como os outros iniciados, os da alma (para além da inteligência), que nada, também, querem ou esperam da vida. Assim o visionista seguirá a par do adepto, entre as ruínas do templo de Salomão e por aquele plaino próximo onde, um tempo, o Mestre esteve sepulto.