APOLOGIA DOS TIRANOS



APOLOGIA DOS TIRANOS

Sempre foram alvo da pontaria consciente do meu ódio aqueles que pugnam — é o verbo deles — pela liberdade e pela justiça. Não os odeio e desprezo tanto porque amam, ou julgam que amam, a justiça e a outra, como porque o seu protesto envolve fatalmente uma antipatia, ruinosa de beleza, para com os tiranos e para com os déspotas.

Nunca, penso, lhes terá alguém caridoso lembrado a utilidade, não só estética (essa é indiscutivel) mas social mesmo, dos tiranos. Convenho em que a utilidade social de qualquer coisa é de mínima importância para uma sociedade. Nisso estou absolutamente de acordo com todos quantos são políticos.

No que divirjo dos usuais é em não lhes julgar razão quando crêem que os tiranos são maléficos; que são, mesmo, inimigos da liberdade e da justiça.