Uma pedra é mais interessante que um operário



Uma pedra é mais interessante que um operário.

A dor de uma árvore que o vento abata, quão mais nobre é que a angústia de um jornaleiro que morre de miséria! Ao menos morre silenciosa, salvo o (...) de quebrar-se e o baque de cair morta. Não morre dizendo asneiras sobre capitalistas exploradores e reinvindicações sociais.

Não é suja nem feia... Uma árvore nunca é feia... E um operário mal trajado raras vezes o não é.



A funda comoção que é a alma estática dos rochedos é mais verdadeira e bela que toda a teoria socialista ou anarquista.

A comoção de um rochedo pode ser asneira, pode ser que não exista. / Mas as teorias humanitárias são asneiras com certeza, e sobre serem asneiras sociológicas, são asneiras de análise psicológica /.

Mesmo que um monte pareça feio sempre há-de haver um poente que lhe ponha uma auréola de beleza e alheamento. E que poente nos vai dourar para pitoresco um estúpido que moureja para ganhar numa fábrica o pão de cada dia? Que auréola orna de novidade um sub-homem que (...)

O poeta busca a beleza, não busca a (...)

E que beleza tem a dor dum proletário? Ainda quando é a dor de um aristocrata, chorando eu (...)

Uma manada de operários! Se a gente observa com demorada intensidade nauseia-se. A dor de uma mulher do povo! Uma berraria indecorosa que dá ao ouvidor que tem um ouvido musical súbitas ânsias homicidas.