Cada vez que, no giro das estações


Cada vez que, no giro das estações, aparece diante de mim a primavera, tenho pena de uma coisa — de não conhecer a língua grega. Estou certo que só a quem possa ler Teócrito no original as flores... devem ter um sentido.

Pensamos em palavras, sem querer; e, entre nós e a primavera intercalam-se, pelo que pesam, as palavras pesadas das nossas línguas bárbaras, sem ritmo, sem serenidade, sem equilíbrio.


Título: Cada vez que, no giro das estações
Heterónimo: Vicente Guedes
Número: 203
Página: 186
Nota: TSC-2008 p. 186;
Nota: Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego".