ANEXO | 160


Apologia dos Tyrannos.

Sempre fôram alvo da pontaria consciente do meu odio aquelles que pugnam — é o verbo d'elles — pela liberdade e pela justiça. Não os odeio e desprezo tanto porque amam, ou julgam que amam, a justiça e a outra, como porque o seu protesto involve fatalmente uma antipathia, ruinosa de belleza, pelos [↑para com os] tyrannos e pelos [↑para com os] despotas.

Nunca, penso, lhe terá alguem caridoso lembrado a utilidade, não só esthetica (essa é indiscutivel) mas social mesmo, dos tyrannos. Convenho em que a utilidade social 〈é〉 de qualquer cousa é de minima importancia para a sociedade. N'isso estou de accordo com todos quantos são politicos. No que divirjo dos usuaes é em não lhes julgar razão quando creem que os tyrannos são maleficos; que são, mesmo, inimigos da liberdade e da justiça.


Título: ANEXO | 160
Heterónimo: Não atribuído
Número: 612
Página: 735
Data: 1918 (low)
Nota: [112-9r - ms.];