L. do D.
Ha uma technica do sonho, como as ha das di-
versas realidades, desde a
18/5/32
∧Loura e quase que esguia
∧Cose, dobrada, á janella.
Se eu fosse outro pararia
E fallaria com ella.
∧Chegava a falla com ella.
Mas seja o tempo ou o acaso
Seja a sorte interior,
Olho mas não faço caso
∧Ou não faz caso o amor.
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Mas não me sahe da ∧memoria
∧A janella e ella, e eu
Que se fosse outro na historia
∧Mas o outro nunca nasceu...
O peso de haver o mundo.
19/5/1932
Passa o sopro de ∧da aragem
Que um momento a levantou,
Um vago anceio de viagem
Que o coração me toldou.
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Será que em seu movimento
A brisa lembra ∧a partida,
Ou que a largueza do vento
Lembra ∧o ar livre da ida?
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Não sei, mas subitamente
Sinto a tristeza de estar
O sabor triste que ha rente
Entre sonhar e sonhar.