O sonho é a peor das
cocainas ∧drogas, [porque é a
mais natural de todas.]
Assim se insinua nos
habitos com a facilidade
que uma das outras
não tem, se prova sem
se querer, como um
veneno dado, não
doe, não descora,
não abate — mas a
alma que delle usa fica incuravel,
porque não ha maneira de se separar do ∧seu
veneno, que é ella mesma.
Como um espectaculo
na bruma
Aprendi nos sonhos a
coroar de imagens as
frontes do quotidiano,
a dizer o commum
com estranheza; o simples
com derivação; a dourar,
com um sol de artificio,
os recantos e os
moveis mortos, e [a] dar
musica, como para
me emballar, quando ∧as
escrevo, ás phrases fluidas
da minha fixação.