Aquela divina e ilustre timidez


Aquela divina e ilustre timidez que é o guarda ☐ dos tesouros e dos regalia da alma.

Ah, mas como eu desejaria lançar ao menos numa alma alguma coisa de veneno, de desassossego e de inquietação. Isso consolar-me-ia um pouco da nulidade de acção em que vivo. Perverter seria o fim da minha vida. Mas vibra alguma alma com as minhas palavras? Ouve-as alguém que não só eu?


Título: Aquela divina e ilustre timidez
Heterónimo: Bernardo Soares
Número: 65
Página: 101
Nota: [94-13, ms.];