São cetins prolixos, púrpuras perplexas


São cetins prolixos, púrpuras perplexas e os impérios seguiram o seu rumo de morte entre embandeiramentos exóticos de ruas largas e luxúrias de dosséis sobre paragens. Pálios passaram. Havia ruas foscas ou limpas nos decursos dos cortejos. Faiscavam frio as armas levadas nas sóbrias lentidões das inúteis marchas... Esquecidos os jardins nos subúrbios e as águas nos repuxos mera continuação do deixado, caindo risos longínquos entre lembranças de buxos, não que as estátuas nas áleas fallassem , nem que se perdessem, entre amarelos em sequência, os tons do outono orlando túmulos.

As alabardas esquinas para épocas pomposas, verde-negro, roxo-velho e granate o tom das roupagens; praças desertas no meio das esquivanças; e nunca mais por entre canteiros onde se fanam passearão as sombras que deixaram os contornos dos aquedutos.

Tanto os tambores, os tambores atroaram a trémula hora.


Título: São cetins prolixos, púrpuras perplexas
Heterónimo: Vicente Guedes
Número: 166
Página: 163
Nota: [94-13a-13, ms.];