Minhas queridas discipulas


Minhas queridas discipulas, desejo-lhes, com um fiel cumprimento dos meus conselhos, innumeras e desdobradas volupias não com, mas atravez do, animal macho a que a Egreja ou o Estado as tiver atado pelo ventre ou pelo appelido.

É fincando os pés no solo que a ave desprende o vôo. Que a imagem, minhas filhas, vos seja a perpetua lembrança do unico mandamento espiritual.

Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vicios, sem trahir o marido, nem sequer com um olhar — a volupia d'isto, se souberdes conseguil-o.

Ser cocotte para dentro, trahir o marido para dentro, estal-o trahindo nos abraços que lhe daes, não ser para elle o sentido do beijo que lhe daes — oh mulheres superiores, ó minhas mysteriosas Cerebraes — a volupia é isso.

Por que não aconselho eu isto aos homens tambem? Porque o Homem é outra especie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use de quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do meu desprezo quando ☐. E o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher. Não precisa de posse sexual para a sua volupia. Ora a mulher, mesmo superior, não acceita isto: a mulher é essencialmente sexual.


Título: Minhas queridas discipulas
Heterónimo: Não atribuído
Número: 81
Página: 95
Data: 1914 (low)
Nota: [114(1)-97v e 97a];