Tenho as opiniões


Tenho as opiniões mais desencontradas, as crenças
mais diversas — É que nunca penso,
nem fallo, nem ajo... Pensa, falla,
age por mim sempre um sonho qualquér
meu, em que me encarno de momento.
Vou a fallar e fallo eu-outro.

Tudo que quero consigo, logo que seja dentro
de mim.

De meu, só sinto uma incapacidade
enorme, um vácuo immenso,
uma incompetencia ante tudo quanto
é a vida. Não sei os gestos a
acto nenhum real,

Nunca aprendi a existir.


Se me perguntardez se sou feliz, responder-vos-hei
que o não sou (I. Dol.)
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Quero que a leitura d'este livro vos deixe
a impressão de terdes atravessado em
pesadello voluptuoso.
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O que antes era moral, é esthetico
hoje para nós... O que era social
é hoje individual...


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Para quê olhar para os crepusculos se tenho
em mim milhares de crepusculos diversos
— alguns dos quaes que o não são — e
se, além de os olhar dentro de mim,
eu proprio os sou, por dentro?
          por dentro e por fóra?


Identificação: bn-acpc-e-e3-144d2_0138_44v_t24-C-R0150 | bn-acpc-e-e3-144d2_0139_45_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.3cm X 14.0cm, 21.3cm X 14.0cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Data: 1914 (low)
Nota: , Texto escrito em verso e recto de duas folhas pautadas do caderno 144D(2).
Fac-símiles: BNP/E3, 144D(2)-44v-45r.1 , BNP/E3, 144D(2)-44v-45r.2