Paro ás vezes, de repente


Paro ás vezes, de repente, entre a vida que
vae e a que vem, estagno á margem do decorrer.
E o assombro de tudo esboroa-se sobre mim.

Ha certos momentos em que parece que o uni-
verso de repente representa mal e se trahe outro,
em que pareço subitamente ouvir-lhe certa voz,
colher-lhe de relance outra naturalidade,
                    . Como um reposteiro que
um vento toque e, n'um repente        , entremostra
um bocado irrevelado de qualquer desco-
nhecida e inesperada cousa...


Identificação: bn-acpc-e-e3-14-2-1-101_0030_14av-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.0cm X 13.6cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Nota: , Texto escrito na metade superior de uma folha inteira dobrada em bifólio. Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego". Richard Zenith edita este texo no livro "Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal" (2003: 142).
Fac-símiles: BNP/E3, 14(2)-14av.1