(lunar scene) |
Edição RZ |
António Rito Silva (ars)
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... a acuidade dolorosa das minhas sensações |
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... a hiperacuidade não sei se das sensações |
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... a tristeza solene que habita em todas as coisas |
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...a chuva caía ainda triste |
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A literatura, que é a arte casada com o pensamento |
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A metafísica pareceu-me sempre |
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A miséria da minha condição |
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A oportunidade é como o dinheiro |
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A tragédia principal da minha vida |
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A vida é para nós o que concebemos nela |
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ABSURDO |
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Acordei hoje muito cedo |
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Amo, pelas tardes demoradas de verão |
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Cantava, em uma voz muito suave |
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Choro sobre as minhas páginas imperfeitas |
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Coisas de nada, naturais da vida |
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Depois de uma noite mal dormida |
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Depois dos dias todos de chuva |
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Depois que as últimas chuvas deixaram o céu |
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Descobri que penso sempre |
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Entrei no barbeiro no modo do costume |
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Espaçado, o pestanejar azul branco |
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Estou quase convencido de que nunca estou desperto |
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Floresce alto na solidão nocturna |
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Gostaria de estar no campo |
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Há momentos em que tudo cansa |
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Há muito — não sei se há dias, se há meses |
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Há mágoas íntimas que não sabemos distinguir |
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INTERVALO DOLOROSO [Coisa arrojada] |
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Já me cansa a rua |
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Mais que uma vez, ao passear lentamente |
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Na minha alma ignóbil e profunda registo |
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Nos primeiros dias do outono subitamente entrado |
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Não creio alto na felicidade dos
animais |
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Não sei o que é o tempo |
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Não sei porquê — noto-o subitamente |
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Não são as paredes reles do meu quarto vulgar |
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Não é nos largos campos ou nos jardins |
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O céu do estio prolongado todos os dias |
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O lema que hoje mais requeiro para definição |
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O mundo exterior existe |
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O olfacto é uma vista estranha |
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O patrão Vasques |
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O poente está espalhado pelas nuvens soltas |
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O relógio que está lá para trás |
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Onde está Deus, mesmo que não exista? |
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Os sentimentos que mais doem |
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Ouviu-me ler os meus versos |
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PROSA DE FÉRIAS |
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Paira-me à superfície do cansaço |
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Para compreender, destruí-me |
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Parecerá a muitos que este meu diário |
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Pedi tão pouco à vida |
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Penso às vezes que nunca sairei |
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Quando vim primeiro para Lisboa |
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Quando vivemos constantemente no abstracto |
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Quedar-nos-emos indiferentes à verdade |
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Quem tenha lido as páginas deste livro |
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Sobra silêncio escuro lividamente |
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Sou curioso de todos, ávido de tudo |
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Tenho assistido, incógnito |
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Tenho diante de mim as duas páginas |
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Todo o homem de hoje |
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Tudo quanto não é a minha alma é para mim |
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Uma só coisa me maravilha mais do que a estupidez |
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Viver uma vida desapaixonada e culta |
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