O próprio sonho me castiga


O próprio sonho me castiga. Adquiri nele tal lucidez que vejo como real cada coisa que sonho. Eu perdi, portanto, tudo quanto a valorizava como sonhada.

Sonho-me famoso? Sinto todo o despimento que há na glória, toda a perda da intimidade e do anonimato com que ela é dolorosa para connosco.


Título: O próprio sonho me castiga
Heterónimo: Bernardo Soares
Número: 425
Página: 382
Nota: [144X-99, ms.];