Intertextualidade Filosófica - Usa (BNP/E3, 133G-30r)

"De que diabo está você a rir"


"De que é que você se está diabo está você a rir", perguntou-me sem mal a
voz do Moreira de entre para lá das duas prateleiras
do meu alçado.

"Era uma troca de nomes que eu ia fazendo...", e
acalmei pulmões ao fallar.

"Ah", disse o Moreira rapidamente, e a paz
poeirosa desceu de novo sobre o escriptorio e sobre mim.

O senhor Visconde de Chautebriand aqui a fazer
contas! O senhor professor Amiel aqui num banco
alto real! O senhor Conde Alfred de Vigny a
debitar o Grandella! Senancour nos Douradores!

Nem o Bourget, coitado, que custa a
ler como uma escada sem elevador...
Volto-me para trás do parapeito para ver bem de novo o
meu Boulevard de Saint Germain, e justamente
nesta altura o socio do roceiro está
cuspindo a cuspir dar cuspo para a rua.

E entre pensar tudo isto e estar fumando,
e não ligar bem uma coisa e outra, o
riso mental encontra o fumo, e,
embrulhando-se na garganta, expande-se num
ataque timido de riso audivel.