L. do D.
Se a nossa vida fosse um eterno estar-á-
janella, se assim ficassemos, como
um fumo parado, sempre, tendo sempre
o mesmo momento de crepusculo dolorin-
do a curva dos montes. Se assim ficasse-
mos para além de sempre! Se ao
menos, aquém da impossibilidade,
assim pudessemos quedar-nos, sem
que comettessemos uma acção,
∧sem que os nossos labios pallidos ∧lividos pe-
cassem mais palavras!
Olha como vae escurecendo!... O
socego positivo de tudo enche-me
de raiva, de qualquér cousa que
é o travo no sabôr da aspiração.
Dóe-me a alma... Um traço lento
de fumo ergue-se e dispersa-se lá
longe... Um tedio inquieto faz-me
não pensar mais em ti...
Tão superfluo tudo! nós e o mundo
e o mysterio ∧de ambos.