Não toquemos na vida
L. do Desass.
Não toquemos na vida nem com as pontas
dos dêdos.
Não amêmos nem com o pensamento.
Que nenhum beijo de mulher, nem mesmo
em sonho(s), seja uma sensação nossa.
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E veja o nosso desprezo para os que trabalham
e luctam e o nosso odio para os que esperam
e confiam. (Fim)
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Artifices da morbidez, requintemo'-nos
em ensinar a desilludir- se. Curiosos
da vida espreitemos a todos os muros ∧postigos, ante-
cançados de saber que não vamos vêr
nada de novo ou bello
Tecelões da desesperança, teçamos mortalhas
apenas — mortalhas brancas para os sonhos
que nunca sonhámos, mortalhas negras
para os dias que morremos, mortalhas côr
de cinza para os gestos que apenas sonhámos,
mortalhas imperiais-de-purpura ∧de purpura-de-imperio para as nossas
sensações inuteis.
Pelos montados, e pelos valles e pelas mar-
gens dos pantanos, caçam caçadores
o lobo e a corça e , e o pato
bravo tambem. Odiemol-os, não por que
caçam ∧matam, mas porque gosam (e nós não gosa-
mos)
Seja a expressão do nosso rosto, um sorriso
pallido, como ∧de alguem que vae chorar, um
olhar vago, como de alguem que não quer vêr,
um desdem esparso por todas as feições, como o
de alguem que despreza a vida e a vive apenas
para ter que desprezar.
B-Shakes
The difference between writing
prose and verse (re Robertson p.520):
ao escrever verso a atten-
ção é principalmente a dar
a ideá de
dentro; em prosa, por fora.
Note - p.522
Os disparates baconianos com respeito
ao vocabulario de Shakespeare, etc. Ne-
nhuma noção do que é um poeta
e um poeta dramatico.
p. 525 — important note.
Emerson s/ a vida de Shakesp. — re J. M. R.
539 — mas a vida de Shakesp., não é que é
pouco satisfatoria, é que é baixa e reles,
o que é differente. — Fraquezas, cobardias
— vá; mas mesquinhezes? e
constantes?
Notar o quanto o temperamento de
poeta-dramaturgo ∧absorve a vida
e ∧a alma toda do poeta.