Edição do Arquivo LdoD - Usa (BNP/E3, 9-42)

Não toquemos na vida


L. do Desass.

Não toquemos na vida nem com as pontas
dos dêdos.

Não amêmos nem com o pensamento.
Que nenhum beijo de mulher, nem mesmo
em sonho(s),   seja uma sensação nossa.
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E veja o nosso desprezo para os que trabalham
e luctam e o nosso odio para os que esperam
e confiam.        (Fim)
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Artifices da morbidez, requintemo'-nos
em ensinar a desilludir- se. Curiosos
da vida espreitemos a todos os muros postigos, ante-
cançados de saber que não vamos vêr
nada de novo ou bello

Tecelões da desesperança, teçamos mortalhas
apenas — mortalhas brancas para os sonhos
que nunca sonhámos, mortalhas negras
para os dias que morremos, mortalhas côr
de cinza para os gestos que apenas sonhámos,
mortalhas imperiais-de-purpura de purpura-de-imperio para as nossas
sensações inuteis.

Pelos montados, e pelos valles e pelas mar-
gens         dos pantanos, caçam caçadores
o lobo e a corça e        , e o pato
bravo tambem. Odiemol-os, não por que
caçam matam, mas porque gosam (e nós não gosa-
mos)

Seja a expressão do nosso rosto, um sorriso
pallido, como de alguem que vae chorar, um
olhar vago, como de alguem que não quer vêr,
um desdem esparso por todas as feições, como o
de alguem que despreza a vida e a vive apenas
para ter que desprezar.


              B-Shakes

The difference between writing
prose and verse (re Robertson p.520):
ao escrever verso a atten-
ção é principalmente a dar
a ideá de
dentro; em prosa, por fora.




Note - p.522


Os disparates baconianos com respeito
ao vocabulario de Shakespeare, etc. Ne-
nhuma noção do que é um poeta
e um poeta dramatico.

p. 525 — important note.

Emerson s/ a vida de Shakesp. — re J. M. R.
539 — mas a vida de Shakesp., não é que é
pouco satisfatoria, é que é baixa e reles,
o que é differente. — Fraquezas, cobardias
          — vá; mas mesquinhezes? e
constantes?




Notar o quanto o temperamento de
poeta-dramaturgo absorve a vida
e a alma toda do poeta.