Necrologias de reis


Necrologias de reis, paginas de historias suppostas, onde solemnes e imaginarios feitos esmaltam arcos em metaes desconnexos. Porque caminhos de empallidecimentos renques, nem á beira de lagos alegres, nem sepulcros de absurdos na muda angustia dos poentes. Principe, a tua gloria é morte, o teu sceptro pedrarias perdidas, nem nos montes o teu manto, e o teu reinado futuro portas entreabertas, construidas assim, para eternamente serem apenas isso.

Prestitos suggerindo ogivas, atalhos atravez de roupagens, hyalino o teu sorriso esquecido... Que de reis na tua memoria! E ás portas da tua imaginação que sequito sem principe te espera? Olor a Roma. Timbales lividos. Aperfeiçoam-se os brilhos. Estacam os contornos. Malleaveis os sulcos no teu arco e a noite, ensopando a paysagem, é uma conquista no oriente.

Nada resta dos meus outomnos senão o inverno das m[inhas] esperanças. O que fia a fiandeira?


Título: Necrologias de reis
Heterónimo: Não atribuído
Número: 559
Página: 505
Nota: [94-76];
Nota: Jerónimo Pizarro edita este texto em apêndice, no conjunto "Textos sem destinação certa inventariados fora do núcleo" (2010: 490-516).