A mocidade é estúpida e cruel; é por isso que, como os animais, é normal e feliz. Não pode ser inteligente, porque não tem experiência por falta de idade, nem cultura por falta de paciência; não pode ser generosa, porque a generosidade é um produto da tolerância, e a tolerância é um produto não só da esperança, mas daquele seu resultado triste que é a descrença. (Não há tolerância antes dos quarenta anos.)
As ideias dos jovens são estultas e fanáticas. São estultas pela inexperiência, fanáticas pela impulsividade na entrega. [...].
Não se pode ter experiência antes dos trinta anos, não se pode ser tolerante senão mais tarde ainda. A verdadeira visão da vida vem só quando é tarde já para que nos sirva: na velhice, em que a vontade é débil.
Quando há fé, quando há regras, quando há vida, não há tolerância. Na sua perpétua intolerância consiste, creio, o segredo da perpétua juventude da Igreja de Roma.
A democracia é poesia poesia pastoril. Os poetas pastoris cantam pastores de Watteau. Os poetas democráticos cantam pastores de Rousseau.
A tolerância é filha da falta de fé. Crer é não distinguir.