Que me pesa que ninguem leia



L. do D.

Que me pesa que ninguem leia o que escrevo? Escrevo/-me/ para me distrahir de viver, e publico/-me/ porque o jogo tem essa regra. Sem amanhã se perdessem todos os meus escriptos, teria pena, mas, creio bem, não uma pena violenta e louca como seria de suppor, pois que em tudo isso ia toda a minha vida. Não é certo, pois, que a mãe, morto o filho, mezes depois já ri e é a mesma; A grande terra, que serve os mortos, serviria, menos maternalmente, esses papeis. Tudo não importa e creio bem que houve quem visse a vida sem uma grande paciencia para essa creança acordada e com grande desejo do socego de quando ella, enfim, se tenha ido deitar.