Passavamos, jovens ainda


L. do D.

Passavamos, jovens ainda, sob as arvores altas e
o vago sussurro da floresta. Nas clareiras, subitamente sur-
gidas do acaso do caminho, o luar fazia-as lagos e as margens,
emmaranhadas de ramos, eram mais noite que a mesma noite. A
brisa vaga dos grandes bosques respirava com som entre o ar-
voredo. Fallavamos das cousas impossiveis; e as nossas vozes
eram parte da noite, do luar e da floresta. Ouviamol-as
como se fossem de outros.

Não era bem sem caminhos a floresta incerta. Havia
atalhos que, sem querer, conheciamos, e os nossos passos
ondeavam nelles entre os mosqueamentos das sombras e o palhe-
tar vago do luar duro e frio. Fallavamos das coisas impossi-
veis e toda a paisagem real era impossivel tambem.


Identificação: bn-acpc-e-e3-2-1-91_0171_86_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (27.3cm X 21.4cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Com marca LdoD
Datiloscrito (blue-ink) : Testemunho datiloscrito a tinta azul.
Data: 1931 (low)
Nota: LdoD, Texto escrito no recto de uma folha inteira.
Fac-símiles: BNP/E3, 2-86r.1