Tenho que escolher o que detesto


Tenho que escolher o que detesto — ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.

Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra.


Título: Tenho que escolher o que detesto
Heterónimo: Bernardo Soares
Número: 2
Página: 51
Nota: [5-29, ms.];