Lagôa da Posse


Lagôa da Posse ~

A posse é para meu pensar mim uma lagoa absurda — muito grande, muito escura,
muito pouco profunda. Parece funda a agua porque é falsa de suja.


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A morte? Mas a morte está dentro da vida. Morro totalmente?
Não sei da vida. Sobrevivo-me? Continuo a viver.

O sonho? Mas o sonho está dentro da vida. Vivemos o sonho?
Vivemos. Sonhamol-o apenas? Morremos. E a morte está dentro da
vida.

Como a nossa sombra a vida persegue-me. E só não ha sombra quando
tudo é sombra. A vida só nos não persegue quando nos entregamos
a ella.

O que ha de mais doloroso no sonho é não existir. Real-
mente, não se pode sonhar.

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O que é possuir? Nós não o sabemos. Como querer então
poder possuir qualquér cousa? Direis que não sabemos o que
é a vida, e vivemos... Mas nós vivemos realmente? Viver sem saber o
que é a vida será viver?


Identificação: bn-acpc-e-e3-9-1-52_0101_47_t24-C-R0150 | bn-acpc-e-e3-5-1-85_0010_5v_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (22.0cm X 23.1cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Data: 1913 (high)
Nota: , Texto escrito no recto de uma folha de papel, cujo verso é o impresso de 'Proposta para Hypotheca' (9-47r). Nas edições de Teresa Sobral Cunha e Richard Zenith, este fragmento surge integrado noutros de temática similar (5-5v).
Fac-símiles: BNP/E3, 9-47r.1