Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar para amanhã.
Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje.
Nunca penses no que vais fazer. Não o faças.
Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela.
Na verdade, e no erro, na dor e no bem-estar, sê o teu próprio ser. Só poderás fazer isso sonhando, porque a tua vida real, a tua vida humana é aquela que não é tua, mas dos outros. Assim,
substituirás o sonho à vida e cuidarás
apenas em que sonhes com perfeição. Em todos os teus actos da vida real,
desde o de nascer até ao de morrer,
tu não ages: és agido; tu não vives: és vivido
apenas.
Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.
Torna-te para os outros uma esfinge absurda. Fecha-te, mas sem bater com a porta, na tua torre de marfim. E a tua torre de marfim és tu próprio.
E se alguém te disser que isto é falso e absurdo, não o acredites. Mas não acredites também no que eu te digo, porque se não deve acreditar em nada.