Tive sempre, confesso, uma grande sympathia


Tive sempre, confesso, uma grande sym-
pathia pelos traidores e pelas nações
capazes de os produzir em abun-
dancia. O traidor é um indi-
vidualista extremo que acima do
laço apertado do sentimento
da patria — tão natural e
instinctivo — põe, por lucro ou
ganho, a sua personalidade
individual.

A Inglaterra tem muitos
germanophilos — germanophilos inglezes,
entenda-se. Na França, entre
francezes, creio que não haverá
um germanophilo. Basta
isto para provar a superioridade
da civilização ingleza á civilização
da França.

Um paiz que, produzindo
patriotas e soldados, produz
tambem antipatriotas e traidores,
é assim por [ser] um paiz
todo unido em torno á
familia que o representa.


Identificação: bn-acpc-e-e3-133d-1-100_0093_45-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (21.1cm X 13.5cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pencil) : Testemunho manuscrito a lápis roxo.
Nota: , Texto escrito no recto de uma folha. Apenas Teresa Sobral Cunha inclui este texto no corpus do "Livro do Desassossego". Texto retirado do corpus na edição de 2013.
Fac-símiles: BNP/E3, 133D-45r.1