O moço atava os embrulhos


O moço atava os embrulhos de todos os dias no
frio crepuscular do escriptorio vasto. "Que grande trovão"
disse para ninguem, com um tom alto de "bons dias", o crudellissimo
bandido. Meu coração começou a bater novo.
O apocalypse tinha passado. Fez-se uma pausa Houve uma pausa que um aparo riscava.

E com que allivio — luz forte e clara, espaço,
trovão duro — este troar proximo já afastado nos alliviava
do que houvera. Deus cessara.
Cessara
Deus partia(-se)
cessava Senti-me respirar com os
pulmões inteiros completos. Reparei que estava pouco ar
no escriptorio. Notei que havia alli outra gente,
sem ser o moço. Todos haviam estado calados Tudo parara.
Soou uma cousa tremula e crespa: era a grande folha espessa
do Razão que o Moreira virara para deante, bruscamente, para
verificar.


Identificação: bn-acpc-e-e3-3-1-88_0027_14_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (32.8cm X 21.9cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Data: 23-03-1930 (high)
Nota: , Texto escrito no recto de uma folha inteira de cor azul. Integra um conjunto de textos contíguos, manuscritos no mesmo tipo de papel.
Fac-símiles: BNP/E3, 3-14r.1