Meus sonhos: como me crio amigos


Meus sonhos: como me crio amigos ao sonhar ando com eles. A sua imperfeição outra (...)

Ser puro, não para ser nobre, ou para ser forte, mas para ser si próprio. Quem dá amor perde amor.

Abdicar da vida para não abdicar de si próprio.

A mulher uma boa fonte de sonhos. Nunca lhe toques.

Aprende a desligar as ideias de voluptuosidade e de prazer. Aprende a gozar em tudo, não o que ele é, mas as ideias e os sonhos que provoca. Porque nada é o que é: e os sonhos sempre são os sonhos. Para isso precisas não tocar em nada. Se tocares o teu sonho morrerá, o objecto tocado ocupará a tua sensação.

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar. Não se aproximar — eis o que é fidalgo.

Apesar de tudo, o equilíbrio romântico é mais perfeito que o do século XVII em França.


Título: Meus sonhos: como me crio amigos
Heterónimo: Vicente Guedes
Número: 80
Página: 99
Nota: [9-4, ms.];