As misérias de um homem que sente o tédio da vida do terraço da sua vila rica são uma coisa; são outra coisa as misérias de quem, como eu, tem que contemplar a paisagem do meu quarto num 4.º andar da Baixa, e sem poder esquecer que é ajudante de guarda-livros.
"Tout notaire a rêvé des sultanes"…
Tenho um prazer íntimo, da ironia do ridículo imerecido, quando, sem que alguém estranhe, declaro, nos actos oficiais, em que é preciso dizer a profissão: empregado no comércio.
Não sei como inserto o meu nome vem assim no Anuário Comercial.
Epígrafe ao Diário:
Guedes (Vicente), empregado no comércio, Rua dos Retroseiros, 17.4.º
Anuário Comercial de Portugal