... este livro suave.
É quanto resta e restará de uma das almas mais subtis na inércia, mais dedicadas ao puro sonho que tem visto este mundo. Nunca — eu o creio — houve criatura por fora humana que mais complexamente cedesse a sua consciência de si própria. Dandy no espírito, passeou a /arte/ de sonhar através do acaso de existir.
Este livro é a biografia de alguém que nunca teve vida.
De Vicente Guedes não se sabe nem quem era, nem o que fazia, nem (…)
Este livro não é dele: é ele. Mas lembremo-nos sempre de que, por detrás de tudo quanto aqui está dito, /coleia/ na sombra, misterioso (...)
Para Vicente Guedes ter consciência de si foi uma arte, e uma moral; sonhar foi uma religião.
Ele criou definitivamente a aristocracia interior, aquela atitude de alma que mais se parece com a própria atitude de corpo de um aristocrata completo.